De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017, cerca de 2,1 bilhões de pessoas não tinham acesso à água potável - livre de contaminação - disponível nos lares quando necessária. Isto significa que, de cada 10 pessoas no mundo, 3 não têm certeza de que sairá água potável quando abrirem suas torneiras.
Temos, hoje, uma combinação totalitária entre o agronegócio e o hidronegócio. Este último envolve temas como hidrelétricas, abastecimento, saneamento e apropriação de fontes de água. Os produtos gerados são conflitos relacionados à deficiência no balanço hídrico, contaminação e insegurança hídrica.
Em várias culturas, mulheres e meninas tendem a ser as responsáveis pela coleta e gestão doméstica da água. Ela não é utilizada somente para beber e cozinhar, mas também para a limpeza, lavanderia, higiene pessoal, cuidados com animais domésticos, dentre outros. Dessa forma, as mulheres são diretamente afetadas pela escassez hídrica, agravada pelas mudanças climáticas. Isso é ainda mais alarmante se considerarmos a relação que as mulheres indígenas, quilombolas e ribeirinhas têm com a água, e o fato de que elas estão ainda mais vulneráveis à escassez desse recurso.
A crise hídrica de 2014 nos mostrou tanto nossa enorme dependência, quanto a fragilidade da gestão em relação a água. Vivemos no país com maior quantidade de água doce do mundo, mas nem todo mundo tem acesso de modo equitativo.
Quais são as saídas para isso? Infelizmente, a lógica que permanece para viabilizar a utilização desse recurso é a de grandes obras, as quais causam muitos impactos sociais e ambientais. Será que existem alternativas para melhorar a gestão dos recursos hídricos e promover acesso à água de qualidade de maneira justa?
No dia 12 de maio, mediamos um diálogo que permeou as problemáticas decorrentes da construção das Barragens de Pedreira e Sousas, ambas compreendidas dentro da Bacia Hidrográfica PCJ, e o contexto histórico-político que envolve o planejamento dessas obras e sua relação com o Sistema Cantareira.
Você pode conferir o diálogo na íntegra clicando aqui.
A partir do diálogo, construímos uma síntese acerca das problemáticas colocadas em pauta. Essa síntese se divide em duas partes: (1) a primeira parte, abordando as Barragens de Pedreira e Sousas: impactos, conflitos e alternativas, que você pode ler aqui, e (2) a segunda parte, sobre Bacia Hidrográfica PCJ e Sistema Cantareira: o contexto de gestão das águas, cujo link se encontra no início do primeiro texto.