Texto por: Malu
O trabalho coletivo é uma ação conjunta, cujo objetivo básico é a solidariedade para o bem comum, para o bem de todos e todas. Ele remonta de atividades que tiveram início nos tempos primórdios do surgimento da humanidade, em que num dado momento percebemos que sozinhas e sozinhos não iríamos muito longe, não sobreviveríamos isolados. Essa foi uma das primeiras lições que levamos como forma de resistir e lutar frente às adversidades do mundo e da vida coletivamente.
Essa ação deve ser resgatada com a finalidade de construir e dialogar para construir soluções políticas para comunidades populares. O trabalho coletivo deve ser sentido como um ato de resistência e luta, especialmente no momento que nos encontramos. Ele é a força motriz solidária para dialogar entre comunidades, cidade, campo e floresta. É também a ação coletiva, a aliança entre diferentes sujeitos que sonham e vivem uma mesma luta e ideal de vida.
No âmbito de uma filosofia ambientalista, Enrique Leff (2014), autor mexicano, propõe a construção de uma racionalidade ambiental, a qual não coloca os objetivos financeiros acima da ética, dos valores. Uma das características fundamentais dessa construção de racionalidade é o diálogo, a relação necessária entre diferentes, o que o autor chama de outridade:
Nesse sentido, a racionalidade ambiental questiona a racionalidade da modernidade, para valorizar outros princípios de produtividade e convivência. Isso leva a descobrir que as práticas cotidianas, os sentimentos, os saberes empíricos e as tradições, os mitos e os ritos constituem diferentes matrizes de racionalidade que dão coerência e sentido às diferentes formas de organização cultural. As diferentes racionalidades culturais não são integráveis em um padrão único ou estandardizado de racionalidade ambiental; não se submetem ao modelo hegemônico e uniformizador ‘de uma lógica polar, dicotómica e excludente’.
Pensando na prática dessa racionalidade, a dinâmica que impulsiona trabalhos coletivos, como mutirões, nos ajudam a conhecer melhor e com mais profundidade os processos de luta e as formas de resistência pautados nos biomas e nos seres que habitam neles. Atravessa e unifica cidades, florestas e campos construindo e reconstruindo espaços e vidas. Aprofunda sementes e raízes, é ação facilitadora para resgatar comunidades e provocar a imersão em sua realidade, em suas necessidades, experiencias e ideais. É nesse âmbito que uma construção racional ambiental se torna possível.
Além disso, através da organizacidade do trabalho coletivo podemos, fomentar projetos guarda-chuvas para o bem comum em todos espaços sociais. Essa unificação de projetos e ações construídos servem para transformar comunidades, como também para fortalecer relações, aproximar coletivos e comunidades, famílias, vizinhos e pessoas. Há muito trabalho, tem muita gente que pode arregaçar as mangas e muitas comunidades que necessitam dessa mão amiga. Por exemplo nos mutirões, na bioconstrução, agrofloresta, oca, tenda e hortas, hortas jardins comestíveis, bosques urbanos, hortas escolares, tijolo de adobe, bosques sensoriais, etc. São algumas propostas/ideias que têm como objetivo primário a atuação política de comunidades para promover a consciência popular sobre viver em harmonia coletivamente e integrados com a natureza.
Faça parte desta ação e juntos podemos construir um mundo muito melhor.