1o Encontro - Curso Capitalismo, Pandemia e Destruição da Natureza - Estratégias de Autoproteção Sanitária e Soberania Alimentar - A Pandemia na Metrópole de São Paulo

Convidado Marco Dalama e Considerações Gerais

Vamos abordar nesse primeiro capítulo a pandemia na metrópole de São Paulo, pela visão de Marco Dalama, assessor do meio ambiente pela CUT SP, 09 (nove) anos na assessoria dos trabalhadores da saúde no Sindicato dos servidores públicos municipais de São Paulo (Sindsep-SP), um olhar de um assessor que trabalha com as pessoas da saúde, uma visão ampliada do problema que atinge a cidade de São Paulo, mas um espelho do que acontece nas grandes capitais do país.

Refletindo sobre a origem do Covid19, alguns cientistas já estão aceitando a possibilidade do Covid19 ser uma doença de caráter ambiental.
A destruição da biodiversidade pela humanidade, que desmatou, degradou o ambiente e através de uma perturbação do ecossistema gerou uma aproximação de vírus desconhecidos de animais e plantas que absorvidos pela humanidade, podem se tornar vírus letais. A degradação ecológica vem causando um desequilíbrio que aumenta a possibilidade de um vírus saltarem de uma espécie para outra, processos também potencializados pelas mudanças climáticas. E como consequência de mutação desses vírus, atingir esferas muito maiores.

na foto: Fila de ambulâncias em 04/03/2021: pacientes com Covid19 aguardam nas ambulâncias, pois não havia vagas na emergência do no HE Vila Alpina. Retrato de como o SUS vem atuando com força operacional e pragmática no seu papel fundamental na pandemia, tendo que suprir, inclusive as demandas dos hospitais particulares, que passaram a solicitar o atendimento do SUS.

Não é uma doença muito democrática, a prevalência por faixa do IDH se mantém menor na faixa de IDH alto. Nos extremos da cidade, os índices são maiores. Mantém a prevalência nos grupos de IDH médios e baixos. Quanto mais pobre a região maior o índice de infectados por Covid19.

Dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde em referências as mortes por Covid19 não equivalem com as informações do serviço funerário de São Paulo, o número de mortes e sepultamentos na cidade estão fora da curva, a pandemia está mais fora de controle que a gente pensa.

Os profissionais de saúde são obrigados a trabalhar na precariedade meio ao caos sanitário em curso. Sob as piores condições de segurança no enfrentamento ao Covid19. Faltaram EPIs (Equipamento de Proteção Individual) tanto em quantidade quanto em qualidade, chegaram ao ponto de distribuir capa de chuva aos profissionais da saúde.

Em 17 de março, 12 (doze) municípios da Metrópole de São Paulo, atingiram 100% dos leitos de UTI ocupados, o excedente desses pacientes deve ser transferido para a cidade, causando forte pressão no sistema de saúde, enquanto os dados de ocupação de leitos em São Paulo está na faixa de 90%, essas informações dão vazão a mais estranhezas na transparência dos dados fornecidos pela Prefeitura de São Paulo do então prefeito Bruno Covas (PSDB) e do Secretário Municipal de Saúde, Edson Aparecido dos Santos.

Necropolítica aplicada aos trabalhadores da Saúde. Considerados grupo de risco (Gestante, lactantes, com pressão alta, diabetes, maiores de 60 anos) são obrigados a trabalharem, se não na linha de frente, em unidades de atendimento de Covid19. Inclusive com a permanência em atividade de trabalhadores infectados.

O mau uso do dinheiro público no enfrentamento a Covid19, é categórico no processo de terceirização do serviço de saúde, todas as UTIs e enfermarias de atendimento ao Covid19 estão nas mãos das Organizações Sociais da Saúde (OSS), grandes empresas que criam uma nova identidade jurídica, sem fins lucrativos, para serem inseridas no âmbito da saúde. Porém a realidade dos fatos apresenta que os devidos fins estão em conluio com o sistema capitalista, apresentando Indícios De Enriquecimento ilícito e fraudes no sistema. É nítido o avanço das intenções das terceirizações na saúde durante o período pandêmico, causando pressão nos hospitais, SAMUs e UBSs e promovendo sucateamento desses serviços. Dados comprobatórios apontam que em 2020 as OSS realizaram 8milhões a menos de consultas e receberam 22% a mais do recurso público. A exemplo da IABAS (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde) que recebeu 78% a mais desses recursos, e em 2020 foi pivô de uma operação contra fraudes na saúde no Rio de Janeiro, agora atuante em São Paulo.
Hospitais de campanha foram montados sem a menor transparência ao financiamento e muito menos ao número de atendimentos.
Profissionais de saúde são obrigados a trabalhar na precariedade, em meio ao caos sanitário em curso. Sob as piores condições de segurança no enfrentamento ao Covid19. Faltaram EPIs (Equipamento de Proteção Individual) tanto em quantidade quanto em qualidade, chegaram a distribuir capa de chuva aos profissionais da saúde.
Boa parte pra saída dessas crises vem da criatividade da poesia de nos permitirmos a sonhar com outras realidades. Praticarmos solidariedade mais imediata. Criarmos brigada de ajuda contra fome.

Ações e consequências da má gestão pública com as trabalhadoras e trabalhadores durante a crise pandêmica:
Demissão em massa de contratados de emergência, não chamamento de aprovados em concursos públicos e contratação de mão-de-obra menos experiente com salários menores.
As OSS atuam com muita rotatividade de contratação, configurando um trabalho onde desconhecem a rotina e o território que atuam.
Não realiza testagem em massa nas servidoras e servidores municipais.
Sofrem perseguição e assédio, muitas e muitos contaminados ou vieram a óbito.
Desta forma, as pessoas passaram a trabalhar arrasadas física, mental e sentimentalmente no seguimento das suas jornadas.

Desestruturação da Coordenaria de Vigilância em Saúde (COVISA) quanto a segurança epidemiológica, órgão que produz os protocolos e divulga os boletins da pandemia. Os tecnólogos estão sujeitos a uma falta de estrutura que atrapalha o trabalho deles ao computar os dados pandemia, gerando desconfiança nesses prognósticos.

Aliado a má gestão municipal, em plena pandemia, o governo do estado de João Dória também PSDB, fechou uma série de prontos-socorros de hospitais na grande São Paulo, gerando mais pressão nas redes hospitalares municipais e aprovou a PL 529/2020 que embarga a produção científica no Estado de São Paulo.

Vamos reestatizar o governo; desmarcarar a ilusão do capitalismo verde (a ideologia do lucro acima da vida é ilusão); adotar uma política que respeite o ser humano, tal qual respeite a natureza e seus seres.

Quebrar paradigmas impostos pela ideologia de que o que vem da iniciativa privada é bom, e o que vem das políticas públicas é ruim.

A Prefeitura Municipal tem R$ 5 bilhões em caixa, com R$ 1,5 bilhões conseguimos garantir auxílio emergencial, vacinas e testagens. Investimentos necessários que podem ser realizados com o superávit de 2020.

Ao órgão publico não é permitido sobrar dinheiro em caixa, principalmente em meio a crise que vivemos, o dinheiro é público, e é preciso ser investido no bem-estar social e ambiental da cidade, suas moradores e moradores.

Porém, ajustes administrativos devem seguir em passos graduais para que a camada pobre, dos menos favorecidos financeiramente, não sofram as consequências de uma súbita transição ecológica.

Nada substitui a luta, precisamos ir na frente da prefeitura pra gritar por melhores condições as trabalhadoras e trabalhadores da saúde, por uma garantia de transparência dos dados da epidemia, barrar a terceirização das UPAs e dos hospitais, lutar por EPIs de qualidade, lutar contra desmonte da COVISA.
Promover o Dia Nacional de Luta de Reformas Administrativas.
Fazer greve na educação pela vida, um absurdo manter as escolas abertas durante a pandemia, com 784 casos confirmados por Covid19 nas escolas

No pensamento neoliberal, é imoral para uma empresa diminuir os lucros para tentar cuidar de situações sócio ambientais. Em contrapartida em um estado eco socialista de bem viver, a natureza está defendida constitucionalmente, a natureza tem os poderes de uma pessoa de direito, as árvores, os rios, os animais, têm seus direitos defendidos na constituição.

Vivemos um desmonte sistemático executado pelo poder público em nível federal, conjuntos de ações que potencializam a morte, a necropolítica deve ser criticada. A necrocracia, os funcionários que usam da lógica fria do dinheiro e do mercado que forçam execução da necropolitica.

São Paulo é o laboratório do neoliberalismo, mas são Paulo não é o Brasil e precisamos conhecer outras experiências, a ação de prevenção e promoção da saúde através dos agentes comunitários da saúde é fundamental.

O bolsonarismo está enfraquecendo, mas o neoliberalismo não, é preciso ficar atento a isso, o neoliberalismo são práticas muito mais sofisticadas que os fascistas que estão hoje no poder.

Lutar por vacina para todas e todos nós.

03 questões para nos fazer refletir do conteúdo desse curso:

" Temos essa valorização das equipes multidisciplinares como um todo?
" Será que a sociedade esta valorizando os serviços públicos o SUS?
" Quais outras práticas e aprendizados as pessoas e a sociedade como um todo apresentam a partir da pandemia por Covid19?

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