Desmatamento de nascente em Ferraz coloca em risco a segurança hídrica da região

O desmatamento na área da nascente da Vila Solar, em Ferraz de Vasconcelos, preocupa a comunidade do entorno, que teme a morte a veia hídrica do córrego Ijima, afluente do Rio Guaió. No ultimo dia 08 de outubro, o vice-prefeito da cidade, Daniel Balke, realizou uma transmissão ao vivo no facebook onde anunciava no início da terraplanagem do que seria “um condomínio industrial com capacidade para 50 galpões de empresas”. Nas imagens era possível ver diversas máquinas pesadas movimentando terra no terreno particular, mas em área de Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais. O proprietário do terreno deve milhões em impostos para a prefeitura e a obra não respeita a legislação ambiental.
Empresa Canaã Engenharia e Resíduos, com sede na cidade de Suzano, é a responsável pelo desmatamento e conta com o apoio da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, que forneceu alvará de regularidade para a obra, conforme declarou o vice-prefeito na transmissão, e por declarações dados por servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que argumentam que não foi detectado nenhuma nascente no local após Plano Altimétrico.
No entanto, a nascente é monitorada há anos por programa da ONG SOS Mata Atlântica e foi tema de reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, assim como em outros veículos de TV. O córrego Ijima, por sua vez, abastece o Rio Guaió, que teve seu curso desviado para reforçar o sistema de represas do Alto Tietê que abastece de água potável toda a grande São Paulo. Durante a seca recorde do Sistema Cantareira, a obra de captação de água do Rio Guaió foi fundamental para que o sistema Alto Tietê amenizasse o desabastecimento.
A Vila Solar, é um bairro de periferia densamente povoado e sem qualquer área de lazer para a população, as poucas área verdes remanescentes estão em situação de abandono. A nascente na Vila Solar era usada para despejo clandestino de lixo por empresas de caçambas. Depois de acumulado, a própria prefeitura utilizava suas máquinas para empurrar e aterrar os resíduos no local dando espaço para que mais resíduo fosse despejado. A prática foi investigada pelo Ministério Público de São Paulo, pois há suspeitas de omissão do poder público na fiscalização do despejo irregular de lixo de origem da cidade de São Paulo, onde a legislação para depósito de resíduos é mais rígida.

Militantes do Fórum Popular da Natureza suspeitam que a ação promovida pelo vice-prefeito é uma retaliação a uma ação de plantio de mudar no local na semana anterior. Os moradores de Ferraz de Vasconcelos lutam para que o terreno onde fica a nascente seja transformado em um parque público, haja visto o abandono do local e as dívidas do proprietário com a Prefeitura. O bairro também não tem áreas verdes e infraestrutura de lazer para a população.
Os crimes ambientais cometidos pela empresa e pela Prefeitura foram denunciados à Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Ferraz de Vasconcelos e ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente e da Rede de Atuação Protetiva do Meio Ambiente (GAEMA) Núcleo Cabeceiras, ligado ao Ministério Público. A ação pede que seja respeitado o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) da Sub-Bacia do Rio Guaió que cria a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais e pede informações sobre situação fiscal e ações da municipalidade para cobrança da dívidas referentes ao terreno.









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